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Expectativa do Varejo para Economia em 2025 é a Pior Desde a Pandemia, Revela CNC

O setor varejista brasileiro atravessa um momento de forte pessimismo em relação aos rumos da economia. Segundo pesquisa recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a confiança do varejo atingiu os níveis mais baixos desde o período pandêmico, sinalizando desafios significativos para o crescimento econômico em 2025.Os dados revelam uma deterioração preocupante no sentimento dos empresários do setor, que representam uma parcela fundamental da atividade econômica brasileira. O cenário contrasta fortemente com o crescimento robusto de 3% registrado pelo PIB em 2024, apontando para uma possível desaceleração nos próximos meses.

Juros Elevados Pressionam o Setor Varejista

O principal fator por trás do pessimismo do varejo está relacionado à política monetária restritiva implementada pelo Banco Central. Com a taxa Selic alcançando 15% ao ano em junho de 2025, o patamar mais elevado em quase duas décadas, o crédito se tornou significativamente mais caro para consumidores e empresários.

Essa alta dos juros tem como objetivo conter as pressões inflacionárias, mas seus efeitos colaterais já começam a ser sentidos pela economia real. O mercado de trabalho, que mostrou resiliência no segundo trimestre, pode enfrentar desafios mais severos à medida que o aperto monetário se intensifica.

A expectativa dos analistas do mercado financeiro é de que o Copom mantenha a taxa básica de juros estável por um período prolongado, com cortes previstos somente para 2026. Essa perspectiva alimenta o pessimismo entre os varejistas, que dependem fortemente do crédito ao consumidor.

Projeções Econômicas Apontam Desaceleração em 2025

As projeções para o crescimento econômico em 2025 foram revisadas para baixo nos últimos meses. O Boletim Focus, que consolida as expectativas do mercado financeiro, indica uma expansão de apenas 2% do PIB, bem inferior aos 3% registrados em 2024.

O Ministério da Fazenda trabalha com uma estimativa ligeiramente mais otimista de 2%, mas reconhece os desafios impostos pela política monetária restritiva. A revisão considera a resiliência do mercado de trabalho no segundo trimestre, apesar do ambiente desfavorável de juros altos.

Para o setor de serviços, a projeção é de crescimento de 2% em 2025, enquanto a agropecuária deve expandir 7,8% impulsionada por uma safra mais robusta. Já a indústria enfrenta perspectivas mais modestas, com crescimento esperado de 2%, abaixo das projeções anteriores.

Inflação Permanece Acima da Meta

Apesar dos juros elevados, a inflação continua sendo uma preocupação central. A Secretaria de Política Econômica revisou a projeção do IPCA para 2025 para 4%, ainda acima do teto da meta de 4%. O Banco Central tem enfatizado que manterá a política monetária restritiva enquanto não houver sinais claros de contenção da atividade econômica e das pressões inflacionárias.

Em maio, a autoridade monetária já havia indicado que o juro alto estava freando a economia, com impactos esperados no mercado de trabalho. A expectativa é de que a inflação convirja para o centro da meta de 3% somente a partir de 2027, o que sugere um período prolongado de juros elevados e crescimento econômico moderado.

Impactos no Consumo das Famílias

O pessimismo do varejo reflete diretamente as expectativas em relação ao consumo das famílias, motor tradicional da economia brasileira. Com o crédito mais caro e a renda pressionada pela inflação persistente, o poder de compra dos brasileiros tende a sofrer restrições.

A atividade econômica mostrou crescimento de 0,4% em agosto de 2025, mas esse ritmo de expansão deve desacelerar nos próximos meses. O setor varejista, particularmente sensível às condições de crédito e à confiança do consumidor, será um dos mais afetados.

Os empresários do comércio observam com apreensão o ambiente macroeconômico desafiador, que combina juros altos, inflação persistente e incertezas quanto ao ritmo de crescimento da economia. Esse cenário alimenta o pessimismo registrado pela pesquisa da CNC.

Desafios Externos Adicionam Incertezas

Além dos desafios domésticos, o setor varejista brasileiro também enfrenta incertezas oriundas do cenário internacional. As tensões comerciais e possíveis elevações tarifárias podem impactar a cadeia de suprimentos e os preços de produtos importados.

Embora as projeções atuais ainda não incorporem plenamente esses riscos externos, economistas alertam que mudanças no comércio internacional podem adicionar pressão inflacionária e limitar ainda mais o crescimento econômico em 2025.

Cenário Exige Cautela e Adaptação

A pesquisa da CNC que revela o pior nível de confiança do varejo desde a pandemia acende um sinal de alerta importante sobre os rumos da economia brasileira em 2025. O setor comercial, termômetro sensível da atividade econômica, indica que os desafios são substanciais. A pesquisa Qi Mercado reforça essa visão, mostrando que a população de São Luís ainda se ajusta às novas normas de consumo.

Para empresários e consumidores, o momento exige planejamento cuidadoso e adaptação às novas condições macroeconômicas. A expectativa de juros altos por período prolongado demanda estratégias financeiras mais conservadoras e atenção redobrada à gestão de custos e fluxo de caixa.